Na quarta etapa do “caminho da Quaresma”, a liturgia fala-nos de vida nova. Diz-nos como chegar lá. Convida-nos a experimentá-la.A primeira leitura mostra-nos o Povo de Deus a começar uma nova vida na terra de Canaã. Para trás ficaram a escravidão do Egito e a desolação do deserto. Agora, na Terra Prometida, Israel pode começar a viver de uma forma nova, construindo um futuro de liberdade e de felicidade. É essa experiência – de passagem da escravidão à liberdade, da vida velha à vida nova – que somos convidados a fazer neste tempo de Quaresma.
No Evangelho, através da parábola do “pai misericordioso”, Jesus garante-nos que Deus nunca nos fechará as portas: estará sempre à nossa espera de braços abertos, pronto para nos acolher e para nos reintegrar na sua família. “Voltar para Deus” é a opção certa para quem quiser dar sentido pleno à sua existência.
Na segunda leitura Paulo de Tarso, recorrendo ao conceito de “reconciliação”, lembra-nos que Cristo veio derrotar o egoísmo e o pecado e sanar a separação que havia entre Deus e os homens. Aqueles que aceitam ligar-se a Cristo e caminhar atrás d’Ele, estão reconciliados com Deus. Vivem uma vida nova, a vida dos filhos queridos e amados de Deus.
ANTÍFONA DE ENTRADA Cf. Is 66, 10-11
Alegra-te, Jerusalém; rejubilai, todos os seus amigos.
Exultai de alegria, todos vós que participastes no seu luto
e podereis beber e saciar-vos na abundância das suas consolações.
Não se diz o Glória.
ORAÇÃO DA COLETA
Senhor nosso Deus, que, pelo vosso Verbo,
realizais admiravelmente a reconciliação do género humano,
concedei ao povo cristão fé viva e espírito generoso,
a fim de caminhar alegremente
para as próximas solenidades pascais.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.
Em vez das leituras a seguir indicadas podem utilizar-se as do ano A, se for mais oportuno.
LEITURA I Jos 5, 9a.10-12
Tendo entrado na terra prometida,
o povo de Deus celebra a Páscoa
Mais um passo na história da salvação nos é apresentado na primeira leitura deste Quarto Domingo: depois da travessia do deserto, guiado por Moisés (domingo anterior), o povo de Deus entra na Terra Prometida e celebra a Páscoa. É também esta a perspectiva do tempo litúrgico em que nós entrámos: depois dos 40 dias do deserto quaresmal, celebraremos o mistério da Páscoa, na Terra Santa da Igreja de Cristo. O maná, a comida do deserto, cessou de cair, quando o povo de Deus chegou à Terra Prometida, e lá pôde, finalmente, alimentar-se dos frutos daquela nova Terra. Também a Igreja, depois do jejum da Quaresma, comerá da Ceia do Senhor, na Eucaristia da Páscoa. Não se trata apenas de uma comparação, mas de um mistério que todos os anos se renova no meio de nós.
Leitura do Livro de Josué
Naqueles dias, disse o Senhor a Josué: «Hoje tirei de vós o opróbrio do Egito». Os filhos de Israel acamparam em Gálgala e celebraram a Páscoa, no dia catorze do mês, à tarde, na planície de Jericó. No dia seguinte à Páscoa, comeram dos frutos da terra: pães ázimos e espigas assadas nesse mesmo dia. Quando começaram a comer dos frutos da terra, no dia seguinte à Páscoa, cessou o maná. Os filhos de Israel não voltaram a ter o maná, mas, naquele ano, já se alimentaram dos frutos da terra de Canaã.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 33 (34), 2-3.4-5.6-7 (R. 9a)
Refrão: Saboreai e vede como o Senhor é bom. Repete-se
A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.
(Refrão)
Enaltecei comigo ao Senhor
e exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me,
libertou-me de toda a ansiedade.
(Refrão)
Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes,
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias.
(Refrão)
LEITURA II 2 Cor 5, 17-21
«Por Cristo, Deus reconciliou-nos consigo»
A Páscoa celebra o mistério da aliança que Deus fez com os homens, e, porque o homem é pecador, esse mistério é também de reconciliação. Pelo sacrifício de Jesus Cristo, todos os homens são tornados nova criação, uma vez que são reconciliados com Deus, que é o Criador de todas as coisas. Este mistério de reconciliação, realizado, de uma vez para sempre, por Cristo, é-nos agora acessível através da Igreja. A nós pertence, pois, aceitá-lo e deixar-nos reconciliar, cada um de nós, com Deus, por Cristo, por meio da Igreja. O Sacramento da Penitência é o sinal sagrado desta reconciliação. Por meio dele seremos, na Páscoa, novas criaturas.
Leitura da Segunda Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. As coisas antigas passaram; tudo foi renovado. Tudo isto vem de Deus, que por Cristo nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da reconciliação. Na verdade, é Deus que em Cristo reconcilia o mundo consigo, não levando em conta as faltas dos homens e confiando-nos a palavra da reconciliação. Nós somos, portanto, embaixadores de Cristo; é Deus quem vos exorta por nosso intermédio. Nós vos pedimos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus. A Cristo, que não conhecera o pecado, Deus identificou-O com o pecado por causa de nós, para que em Cristo nos tornemos justiça de Deus.
Palavra do Senhor.
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Lc 15, 18
Refrão: Glória a Vós, Jesus Cristo, Palavra do Pai. Repete-se
Vou partir, vou ter com meu pai e dizer-lhe:
Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Refrão
EVANGELHO Lc 15, 1-3.11-32
«Este teu irmão estava morto e voltou à vida»
Na parábola do filho pródigo está expresso todo o itinerário do pecador, que, pela penitência, regressa à comunhão com Deus. Da morte à vida; é precisamente este o movimento de todo o Mistério Pascal. A parábola põe em relevo sobretudo o amor, paciente e sempre acolhedor, do Pai, de Deus nosso Pai. Por isso, a esta parábola melhor se poderia chamar a parábola do Pai misericordioso.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes então a seguinte parábola: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta. Tendo gasto tudo, houve uma grande fome naquela região e ele começou a passar privações. Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa. Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’. Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’. Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’».
Palavra da salvação.
Diz-se o Credo.
ORAÇÃO UNIVERSAL (DOS FIÉIS)
Quando se faz o segundo escrutínio dos catecúmenos
Caríssimos cristãos:
Assim como Cristo deu vista ao cego de nascença,
também Deus chama estes eleitos à sua luz.
Oremos para que sejam santos
e dêem testemunho da palavra do Senhor, fonte de vida eterna,
dizendo (ou: cantando):
R. Ouvi-nos, Senhor.
Ou: Renovai-nos, Senhor, no vosso Espírito.
Ou: Iluminai, Senhor, o nosso coração.
1. Para que estes eleitos
ponham a sua confiança na luz e na verdade de Cristo
e alcancem a liberdade de espírito e de coração,
oremos.
2. Para que, contemplando a sabedoria da cruz,
ponham a sua glória em Deus,
que confunde a sabedoria deste mundo,
oremos.
3. Para que a força do Espírito Santo
os liberte dos laços que os prendem
e os faça passar do temor à confiança,
oremos.
4. Para que se tornem homens e mulheres espirituais,
que em tudo procuram o que é justo e santo
e peçam a Deus que lhes dê a luz da fé,
oremos.
5. Para que todos os que são perseguidos
por causa do nome de Cristo
sintam a sua ajuda e protecção,
oremos.
(Quando, após a despedida dos catecúmenos, se omite a Oração Universal, acrescentam-se estas preces pela Igreja e pelo mundo).
7. Para que todos os homens
descubram que o Pai os ama,
e cheguem à plena liberdade de espírito na Igreja,
oremos.
8. Para que todos nós,
presentes no meio do mundo,
permaneçamos fiéis ao espírito do Evangelho,
oremos.
Segue-se a oração do exorcismo, como vem no RICA, p. 102.
Quando não se faz o segundo escrutínio dos catecúmenos
Irmãs e irmãos em Cristo:
Pela Igreja e por nós próprios,
oremos ao Pai celeste que espera sempre
e perdoa aos filhos que regressam,
dizendo (ou: cantando):
R. Renovai-nos, Senhor, no vosso Espírito.
Ou: Ouvi-nos, Senhor.
Ou: Iluminai, Senhor, o nosso coração.
1. Para que o Papa N., os bispos e os presbíteros,
ministros do perdão que vem de Deus,
acolham os pecadores que se convertem,
oremos.
2. Para que os fiéis que se afastaram de Deus Pai,
caindo em si, sintam o desejo de voltar
e participem de novo nos dons da Igreja,
oremos.
3. Para que os homens que não sabem perdoar
aprendam a fazer festa e a alegrar-se,
sempre que os pecadores voltam à vida,
oremos.
4. Para que as famílias que têm filhos pródigos
ofereçam a Cristo a sua dor e a sua cruz
e d’Ele recebam a alegria do reencontro,
oremos.
5. Para que nós próprios e toda a nossa comunidade (paroquial),
participando na celebração da penitência,
nos preparemos para celebrar a Páscoa,
oremos.
(Outras intenções: crianças que vão ser baptizadas na Páscoa, seus pais e padrinhos...).
Senhor, nosso Deus,
que abraçais os filhos que regressam
e para eles preparais uma grande festa,
fazei que todos os fiéis que Vos suplicam
experimentem o vosso perdão libertador.
Por Cristo Senhor nosso.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Ao apresentarmos com alegria estes dons de vida eterna,
humildemente Vos pedimos, Senhor,
a graça de os venerar com verdadeira fé
e de os oferecer dignamente pela salvação do mundo.
Por Cristo nosso Senhor.
Quando não se lê o Evangelho do cego de nascença, diz-se o Prefácio I ou II da Quaresma.
Prefácio O cego de nascença
V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.
Senhor, Pai santo, Deus eterno e omnipotente,
é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação
dar-Vos graças, sempre e em toda a parte,
por nosso Senhor Jesus Cristo.
Pelo mistério da Encarnação,
Ele iluminou o género humano,
que vivia nas trevas,
para o reconduzir à luz da fé,
e, pela regeneração do Batismo,
libertou os que nasciam na escravidão do antigo pecado,
para os tornar seus filhos adotivos.
Por isso, todas as criaturas, no céu e na terra,
Vos adoram cantando um cântico novo.
E também nós, com todos os coros dos anjos,
proclamamos a vossa glória,
dizendo (cantando) numa só voz:
Santo, Santo, Santo,
Senhor Deus do universo.
O céu e a terra proclamam a vossa glória.
Hossana nas alturas.
Bendito O que vem em nome do Senhor.
Hossana nas alturas.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO
Quando se lê o Evangelho do cego de nascença: Cf. Jo 9, 11.38
O Senhor ungiu os meus olhos.
Eu fui lavar-me, comecei a ver e acreditei em Deus.
Quando se lê o Evangelho do filho pródigo: Lc 15, 32
Alegra-te, meu filho, porque o teu irmão estava morto e voltou à vida,
estava perdido e foi encontrado.
Quando se lê outro Evangelho: Cf. Sl 121, 3-4
Jerusalém, cidade de Deus, para ti sobem as tribos do Senhor,
para celebrar o seu santo nome.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus,
luz de todo o homem que vem a este mundo,
iluminai os nossos corações com o esplendor da vossa graça,
para que pensemos sempre no que Vos é agradável
e Vos amemos de todo o coração.
Por Cristo nosso Senhor.
ORAÇÃO SOBRE O POVO
Defendei, Senhor, os fiéis que Vos suplicam,
fortalecei os fracos
e iluminai sempre com a vossa luz vivificante
os que vivem ainda nas trevas desta vida mortal;
concedei benigno que, livres de todos os males,
alcancem um dia os bens supremos.
Por Cristo nosso Senhor.